quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Paz em sua totalidade.

Por muitas e muitas vezes, definimos “paz” como sendo sossego, algum lugar afastado onde o barulho não possa perturbar seu imaculado silêncio, nos refugiamos, nos fechamos para o resto do mundo, eis que um erro se revela: a paz difere totalmente do sossego, este por sua vez, defino como sendo estar deitado numa rede, armada no alpendre de uma casa num sítio, vendo a chuva que se aproxima, trazendo com ela aquele cheirinho gostoso de terra molhada, e neste cenário, tirar uma boa soneca. Mas o dia logo termina, o sossego fica na lembrança e temos de retomar nossa vida, nossos problemas, trabalho, família, em fim, tudo que compõe o real cenário da vida.

Com relação à “paz”, essa não é passageira, desde que saibamos aonde encontrá-la. É comum que a procuremos em vários locais, e para isso dedicamos muito tempo, quando na verdade a verdadeira Paz está mais perto do que se imagina, está no nosso íntimo, no silêncio da alma, no nosso coração.

Quem pôde viver alguma experiência em Madonna House, sabe bem do que estou falando. Poustínia, desertos, até as mais comuns tarefas do cotidiano, são meios de encontrá-la. Para se encontrar a paz, a verdadeira Paz, é necessário silenciar o coração, procedimento este que não é tão fácil, neste momento, se faz necessário que nos refugiemos um pouco, que nos desliguemos do mundo que nos cerca, tal qual como no sossego do início desta, mas com um diferencial, esse retiro não tem a finalidade de me isolar do mundo em busca de um pouco de tranquilidade, mas sim proporcionar um encontro com Aquele que mais amo. Lendo o livro O silêncio de Deus, de Catherine Doherty, dá para se ter uma idéia de como é buscar encontrar o amado, nele, é descrita toda a trajetória de uma experiência simplesmente bela em busca “daquele que tanto amo” e sua recompensa.

Não só em O silêncio de Deus, mas outros livros da mesma escritora e fundadora da Comunidade de Apostolado Leigo Madonna House, como por exemplo, Deserto vivo, no qual Catherine Doherty julga como sendo vital para nossa sociedade às práticas de silêncio, solidão e desertos, por este motivo, são temas que não fogem da ótica de suas obras, dão roteiro a procura pelo silêncio, sua vivência e como resultado a tão sonhada Paz. Noutros escritos da mesma autora, especialmente um que está ganhando “cadeira cativa” no nosso blog é o Graça em todo dia que dedicado ao dia de hoje, 24 de agosto, traz A sétima bem-aventurança que justamente inspira esta postagem:

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. Mt 5,9.

Na reflexão, algo que ressoa mais forte é o fato de que De todas as qualidades de seu reino, nosso Senhor parecia apreciar mais a paz, justificado pelo fato da quantidade de vezes que é mencionada nos Evangelhos, Paz esta, que tem como real significado a Felicidade.

Entenderam a diferença entre Paz e sossego? Sossego é um estado, uma sensação temporária, enquanto a Paz, a Felicidade não, estas são frutos da oração, da intimidade com Deus, e como todo fruto, possui semente, e se possui semente tem uma finalidade que é brotar, virar nova árvore para dar mais frutos e consequentemente, mais sementes e assim, por diante, isso fica claro no Pequeno Mandato também de Catherine, em que em um trecho diz que devemos pregar o Evangelho com nossa vida, sem restrições, mas que para isso, é necessária esta intimidade, é preciso que a Paz seja encontrada primeiro em nossos corações e depois emanar do nosso ser em forma de ações.

Quem já teve contato com Steve, Lena, Elizabeth, Andora, Eliana e Pe. Tom, que moravam na Casa de Nossa Senhora – Madonna House em Emaús pôde sentir o que é a verdadeira Paz, e vê-la através desses seis irmãos que na sua simplicidade tanto me ensinaram em quatro dias, e até hoje, ainda colho frutos daqueles momentos de convivência, de partilha, inclusive, muito do que me foi revelado no silêncio ainda ressoa em minha alma, algo que parece contraditório: o silêncio que ressoa, mas que na verdade é “poético”. Me refiro aos quatro dias, pois nesse período, aprendi mais do que em toda minha caminhada, foi por causa deste contato, de sentir, de encontrar o próprio Cristo dentro de mim pude e posso enfrentar tantas batalhas, e ao final de cada uma, poder buscar no silêncio da alma os ensinamentos daquele que tanto amo.



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